terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Autoconceito, Perfeccionismo e Profecia Autorrealizante - See more at: http://www.itcbr.com/artigo-autoconceito-perfeccionismo-profecia-autorealizante

O perfeccionismo é percebido por perfeccionistas como imprescindível para o seu bom desempenho. O perfeccionista argumenta que, se abandonar o perfeccionismo, seu desempenho cairá. O problema é que, como a perfeição é inalcançável, o perfeccionista é um eterno frustrado. Nossa tarefa é convencer o perfeccionista de que, quando ele abandona o perfeccionismo e passa a buscar a excelência, seu desempenho, contrariando sua previsão, se aproxima mais da perfeição do que antes, quando ele a buscava! Como isso ocorre?
O que as seguintes vidas têm em comum?
Alex é um jovem executivo, de 28 anos, admitido por uma empresa de consultoria como um "high potential". Vinha de uma formação em instituições altamente reconhecidas e todos acreditavam que uma carreira de muito sucesso estava por vir. Mas obstáculos se interpuseram em seu caminho: devido a uma crítica de seu gestor, Alex desenvolveu a crença de que não falava com clareza e de que sua fala, em reuniões, evidenciava incapacidade. O tão esperado sucesso repentinamente pareceu estar em risco e cada vez mais distante, sem que ele estivesse encontrando estratégias que lhe permitissem retomar o trajeto inicialmente projetado.
Alice, uma médica cirurgiã de 34 anos, casada, pretendendo tornar-se mãe. Formou-se em universidade de excelência, onde completou sua residência com professores internacionalmente reconhecidos. Alice é reconhecida como altamente competente por pares e professores. Entretanto, sofre com sua insegurança, esquiva-se de algumas cirurgias, angustia-se a cada nova cirurgia, e prefere auxiliar colegas em suas cirurgias do que executar as próprias. Ela vem tentando superar essas dificuldades, obter o êxito profissional que merece, e ainda sentir-se livre para viver a maternidade.
Vários aspectos dos exemplos acima refletem a interação adversa entre três conceitos, que, embora pouco reconhecidos, inconscientemente afetam aqueles em busca de sucesso, independentemente da área de atuação. São eles: autoconceito, perfeccionismo e profecia autorrealizante.
Autoconceito
Esse construto refere-se ao conceito que cada pessoa tem sobre si, a opinião que tem sobre as mais diversas facetas de sua personalidade e de seu comportamento, o quanto a pessoa se valoriza, o quanto acredita que vem atingindo seus próprios padrões de expectativa e as expectativas que acredita que outros têm de si.
O impacto que os comportamentos de uma pessoa têm sobre o seu ambiente social, conforme percebido por essa pessoa, é grandemente responsável pelo desenvolvimento de seu autoconceito. Além disso, um autoconceito positivo, desenvolvido desde muito cedo, é essencial para a adaptação e ajustamento de indivíduos e para a sua experiência de realização e bem-estar.
Autoconceito é popularmente confundido com autoestima. Contudo, enquanto o construto "autoconceito" refere-se ao que o indivíduo pensa sobre si, o construto "autoestima" refere-se ao que o indivíduo sente por si, o quanto ele estima a si próprio. Nosso foco, como profissionais de saúde e de coaching, é o desenvolvimento e fortalecimento de um autoconceito positivo, porquanto todo aquele que tiver um sólido autoconceito positivo, isto é, pensar positivamente a seu respeito, fatalmente e inevitavelmente terá uma alta autoestima, ou seja, se estimará. Por outro lado, de nada adianta esforçar-se para elevar sua autoestima, se seu autoconceito for negativo.
O autoconceito de cada pessoa desenvolve-se desde muito cedo, em um processo de construção contínua, tendo como foco quatro grandes dimensões: capacidade/competência, adequação/imagem social, estima/amabilidade e segurança/autoconfiança. A primeira dimensão - capacidade/competência - refere-se a quanto o indivíduo, com base em suas experiências, acredita-se capaz intelectualmente, profissionalmente, academicamente, nos esportes, dentre outras áreas. A segunda - adequação/imagem social - refere-se a quanto o indivíduo acredita-se socialmente adequado, interessante, bonito, elegante, socialmente valorizado, que projeta uma imagem social positiva. A terceira dimensão - estima/amabilidade - refere-se a quanto o indivíduo se considera estimado, amado por outros, e o quanto acredita que reúne os atributos para ser amado. Quanto à quarta dimensão, esta, em um nível secundário, refere-se à segurança e autoconfiança daquele que se percebe como capaz, adequado e amado, e daquele que, consequentemente, terá também uma alta autoestima.
Evidencia-se, no quadro acima, o fato de que o autoconceito de um sujeito resulta de um processo altamente subjetivo, o qual, por sua vez, é influenciado por outro importante processo, igualmente subjetivo, qual seja, a definição de suas expectativas. As expectativas que um sujeito tem de si, frente às mais diversas tarefas e desafios, afetam significativamente o seu autoconceito. Ele tenderá a ter um autoconceito positivo quanto mais ele avaliar que está alcançando suas expectativas. Inversamente, ele tenderá a ter um autoconceito negativo quanto mais ele se perceber como falhando em atingir suas próprias expectativas. Contudo, é importante notar que as suas expectativas, subjetivamente definidas, podem não ser realistas; podem, por exemplo, ser altas demais. Nesse caso, o indivíduo falhará em atingir suas expectativas, nas quatro dimensões de seu autoconceito, não porque tenha efetivamente um déficit em capacidade, adequação, estima e autoconfiança, mas porque suas expectativas são excessivamente altas, não realistas, portanto inatingíveis. Porém, em ambos os casos - um déficit subjetivamente percebido ou expectativas subjetivamente distorcidas - o resultado poderá ser um autoconceito negativo.
Perfeccionismo e Fracasso
Perfeccionismo está associado à pressuposição de que a perfeição é atingível, pode ser alcançada e deve ser perseguida. O perfeccionista acredita que nada menos do que a perfeição deve ser aceito. A grande falha conceitual, cometida por perfeccionistas, é não reconhecer que a perfeição não é atingível. É não reconhecer que tudo o que fazemos e somos, neste momento, poderá, hoje ou no futuro, ser melhorado, ampliado, aperfeiçoado.
O perfeccionista, portanto, é um eterno insatisfeito, que sempre falhará em atingir suas expectativas perfeccionistas e excessivamente altas, que resultam em um autoconceito negativo. Ele falha em perceber que não há necessariamente um déficit em seu desempenho, nas áreas primárias da capacidade, adequação ou estima. Seu problema, na realidade, está associado a uma falha na sua definição de expectativas, que estaria sanada caso ele substituísse a expectativa da perfeição pela expectativa da excelência - o máximo que posso ser ou fazer diante das minhas atuais circunstâncias de vida - esta, sim, alcançável.
A interação entre déficit percebido e falha em atingir expectativas é recíproca: quanto mais alta é sua expectativa, mais o sujeito falha em alcançá-la e mais seu autoconceito negativo é reforçado. Quanto mais seu autoconceito negativo é reforçado, mais o sujeito eleva suas expectativas, raciocinando: "efetivamente, não sou tão capaz/adequado/estimado quanto deveria ser; mas se eu tentar, 'perfeccionisticamente' sê-lo, eu conseguirei", raciocínio que reforça ainda mais a sua busca da perfeição.
Em nossa primeira vinheta, acima, Alex ilustra bem esse dilema. Ele foi criticado pelo gestor, após uma reunião, dizendo que sua fala não havia sido clara e este representava um aspecto em que ele necessitava melhorar. Alex, sentindo-se vulnerável diante dessa crítica, falhou em processar o grande volume de evidências que apontavam para a sua reconhecida competência, fixando-se em apenas um item - a suposta falta de clareza verbal - o que influenciou negativamente seu autoconceito. A partir daí, ele passou a concentrar sua atenção em escolher termos e formular orações com a finalidade de expressar-se com maestria, negligenciando o fator mais importante: o conteúdo que desejava transmitir. O resultado foi um déficit na formulação e coordenação de suas ideias, o que reforçou sua crença de incapacidade verbal e a crença de que deveria esmerar-se ainda mais - ou seja, elevou expectativas. A ansiedade, como era de se esperar, fatalmente se apresentou e se interpôs à realização de sua meta de expressar-se com perfeição. Em resultado, Alex, na espera da expressão perfeita, vinha evitando falar em reuniões.
O plano terapêutico para o problema de Alex concentrou-se no desafio de várias crenças disfuncionais. Primeiro, foi desafiada a crença de que ele não era suficientemente capaz em sua produção verbal, o que deu lugar a crenças de que ele era muito capaz em várias áreas, para diferentes tarefas e desafios; apenas não era perfeito. Isso lhe possibilitou a reabilitação de seu autoconceito e um ajuste de expectativas. Segundo, atuou-se sobre a pressuposição disfuncional de que, se tentasse falar com perfeição, concentrando-se em cada termo ou expressão, ele superaria a suposta falha de expressão verbal. Isto resultou no reconhecimento de que o fundamental era a geração de conteúdo e formulação de ideias, o que lhe possibilitou deslocar sua atenção da estética verbal para o conteúdo de sua comunicação. Terceiro, atuou-se em direção ao reconhecimento de que a estratégia que vinha adotando, de esquivar-se de comunicar suas ideias, a não ser que o fizesse com perfeição, apenas agravava seu desempenho geral, ao privá-lo de contribuir às reuniões, o que lhe possibilitou voltar a participar e contribuir aos trabalhos de seu grupo. Quarto, conduziu-se um teste de realidade, referente à crença de que ele não se expressava com clareza. Esse teste foi conduzido durante a sessão, com o terapeuta, e fora da sessão, com sua mãe, sua namorada e um amigo, em que Alex expunha algo e o interlocutor descrevia a ele o que havia entendido. Em todos os casos, quando os interlocutores repetiram a Alex o que haviam compreendido, ficou claro que a compreensão dos interlocutores correspondia à sua intenção de comunicação.
Profecia autorrealizante
A seguir, apresentaremos como o abandono do perfeccionismo, ao invés de resultar em prejuízo no desempenho, resulta em uma elevação no desempenho e a uma maior aproximação à meta da perfeição.
Iniciemos por definir o conceito de profecia autorrealizante (em Inglês, "self-fulfilling prophecy"). Esse conceito se refere à pressuposição de que, ao profetizarmos um determinado evento ou resultado, o ato de profetizar atua para a realização da profecia. O conceito é confundido com o pensar positivo ou o poder do pensamento positivo, mas essa suposição é falsa. O conceito de profecia autorrealizante é explicado logicamente.
Quando um indivíduo profetiza um sucesso no desempenho de uma tarefa, seu estado disposicional positivo - motivação, calma, segurança - concorrem para a expressão de sua competência em seu desempenho. Ao contrário, quando ele profetiza insucesso, seu estado disposicional negativo - tristeza, ansiedade, desmotivação - atua como obstáculo à expressão de sua competência em seu desempenho. Estamos nos referindo a sua real competência e capacidades.
Em qualquer empreitada, seja nas esferas familiar, social, afetiva, profissional, acadêmica, esportiva, e outras, há três ingredientes principais para o sucesso: a competência, a motivação e a autoconfiança.
A aquisição da competência, seja em qualquer área, é fundamental para o sucesso. Ninguém consegue atingir o sucesso em uma modalidade esportiva, ou alcançar um objetivo profissional, sem desenvolver competência na área específica de atuação. Contudo, a competência em si não é suficiente para o sucesso; há competentes bem-sucedidos e competentes mal sucedidos. Isso intrigou os estudiosos por um tempo, até que fosse proposto um segundo ingrediente: a motivação. Essa variável, definida como o impulso em direção à realização de uma tarefa ou à superação de desafios, resultou em uma ênfase exagerada a programas de desenvolvimento de motivação. Qualquer gestor ou professor que não se empenhasse em desenvolver a competência em seus colaboradores e alunos era visto como desatualizado. Contudo, ainda assim, alguns competentes motivados eram bem-sucedidos, enquanto que outros não. Na busca de uma terceira variável, que pudesse explicar e predizer o sucesso, chegou-se ao construto de autoconfiança, ou simplesmente otimismo. Não basta ter capacidade; para ser bem-sucedido, o indivíduo necessita acreditar em sua capacidade, confiar em suas competências e habilidades, enfim ser autoconfiante. O indivíduo otimista e autoconfiante é aquele que acredita na possibilidade de sucesso mesmo na ausência de provas concretas; enquanto que o pessimista é aquele que não acredita na possibilidade de sucesso, mesmo na presença de provas concretas.
O otimista se esforça por adquirir competência em determinada área, imprime motivação em seu desempenho; e, além disso, confia em sua competência e motivação a fim de que elas possam se materializar em seu desempenho. De que forma? Quando acredito em minha competência, meu estado disposicional é positivo, o que concorre para a expressão máxima de minha competência no meu desempenho. Ao contrário, quando não confio em minha competência, essa descrença está associada a um estado disposicional negativo, que envolve ansiedade, tristeza e desmotivação, estado que atua como um obstáculo à materialização de minha competência em meu desempenho. Otimistas, como todos, podem fracassar; mas, diante de fracassos, levantam-se e persistem, tantas vezes quantas necessárias, até atingirem sua expectativa de sucesso.
Grandes realizadores são proficientes não apenas em garantir a competência, a motivação e a autoconfiança, mas também em adiar gratificação, outro importante conceito: investir esforços hoje para colher dividendos no futuro. Adiam gratificação porque, otimistas, acreditam na possibilidade de sucesso mesmo na ausência de provas concretas. E, diante de falhas, persistem até atingir o almejado sucesso.
Voltando aos perfeccionistas, eles tendem a ser pessoas com um autoconceito negativo, associado ao fato de que falham em atingir suas expectativas, devido a que essas são excessivamente altas, portanto inatingíveis. Em associação ao autoconceito negativo e a expectativas não realistas e excessivamente elevadas, eles experienciam frequentemente o insucesso, o que reforça suas crenças de incapacidade, inadequação e não estima e desestimula a autoconfiança. Como estratégia compensatória, eles elevam ainda mais suas expectativas, resultando em mais fracassos. Sua profecia de insucesso torna-se frequente, gerando o estado disposicional negativo, que atua como obstáculo à expressão de suas competências e ao consequente fracasso em atingir suas expectativas. Por outro lado, ao abandonar a busca da perfeição e definir expectativas realistas, reforçam seu autoconceito positivo, acreditam na própria competência, geram profecias positivas, que resultam em um estado disposicional positivo, que favorece a expressão máxima de sua competência em seu desempenho e, dessa forma, favorecem o sucesso. Dessa forma, fecha-se o círculo virtuoso.
Finalizando, revisitemos o caso da Alice, a jovem cirurgiã, que hoje reporta com alegria que atua em muitas cirurgias e que prefere conduzir as próprias. Inicialmente, por um lado, abandonando o perfeccionismo e gerando expectativas realistas, e, por outro, reconhecendo o grande volume de evidências, antes negligenciado, que atestava sua destacada capacidade, ela foi capaz de elevar seu autoconceito. Com um autoconceito positivo, abandonou a estratégia compensatória da esquiva de suas próprias cirurgias, o que lhe permitiu oportunidades mais frequentes de testar sua capacidade e confiar em suas competências e habilidades. Fazendo profecias positivas para as suas cirurgias, sentia-se mais tranquila, feliz e segura para conduzi-las, o que favorecia a expressão de suas competências e habilidades em seu desempenho. Hoje ela é uma feliz cirurgiã, muito requisitada, e está no sétimo mês de gestação de um menino!


Dra. Ana Maria Martins Serra, PhD - Instituto de Terapia Cognitiva, São Paulo, SP (2013) - See more at: http://www.itcbr.com/artigo-autoconceito-perfeccionismo-profecia-autorrealizante.shtml#sthash.RTTzylZu.dpuf


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A Arte da Comunicação e as Redes Sociais

A comunicação verbal humana é um fenômeno complexo. Envolve no mínimo
dois sujeitos, sendo que um é o “emissor” (aquele que fala) e o outro é o
“receptor” (aquele que ouve), em papéis que se alternam ao longo da
comunicação. Fala-se na “arte” da comunicação, pois a comunicação em
processo é um fenômeno único e não replicável, que se compõe de vários subprocessos,
quais sejam: formular idéias, transformá-las em palavras, emiti-las,
enquanto que o ouvinte interpreta a fala do primeiro, formula, por sua vez, suas
idéias, transforma-as em palavras, emite-as, e é interpretado pelo primeiro, em
uma sequencia que propicia vários espaços para “ruídos” na comunicação. Em
resumo, nenhum dos envolvidos na comunicação expressa-se com
imparcialidade e escuta com imparcialidade. Ou seja, processamos informação
através de idéias, opiniões, crenças, aprendizados, etc., que desenvolvemos
ao longo de nossa existência. A interpretação, portanto e por princípio, envolve
a opinião daquele que interpreta.
As opiniões de uma pessoa não somente podem estar emocionalmente
ativadas, como também o sujeito, ao emitir sua opinião, possivelmente espera
do interlocutor não apenas o entendimento, a compreensão. Mas pode esperar
também o reconhecimento de sua opinião, que, muitas vezes, ele considera
“correta”, o reconhecimento de sua capacidade de formular opiniões, o
reconhecimento de que sua fonte de informações é confiável, ou até mesmo o
reconhecimento de sua “inteligência”, de sua capacidade de bem formular
opiniões. Por esses e outros motivos, muitas vezes, ao emitir uma idéia ou
opinião, o sujeito espera que esta seja “aceita” e reconhecida como “correta”, e
não apenas ouvida.
Essas idéias explicariam não somente porque alguns têm dificuldade em
aceitar uma opinião contrária, mas também as interferências nas
comunicações, decorrentes das interpretações dos sujeitos envolvidos: um que
fatalmente não ouve o que o outro “expressa”, mas interpreta o que o outro diz
à luz de sua história, ou seja, “ouve” o que quer, enquanto que, ao formular sua
própria opinião, está sujeito à mesma subjetividade, também expressando e
“ouvindo” o que quer.
Reconhecer a complexidade do fenômeno “comunicação”, reconhecer que ao
“ouvir”, na realidade, interpretamos, e respeitar o fato de que o outro, com base
em sua história, que é diferente da sua, pode ter uma opinião diametralmente
oposta a respeito do mesmo objeto, resultaria na tolerância que gostaríamos de
ver em todos os sujeitos envolvidos no processo de comunicar-se com outros.
Acrescente-se a isso o papel das emoções geradas, que, muitas vezes,
representam mais um fator de interferência na “escuta” do outro e na
formulação das próprias idéias, e teremos um processo com potencial
explosivo e que pode remeter a conflitos.
Quando estamos envolvidos emocionalmente com nossas opiniões, gostamos
de partilhá-las, e especialmente, gostamos de partilhá-las com quem tem
opiniões consistentes com as nossas. Mas é interessante estarmos alertas ao
fato de que o outro pode partilhar apenas de parte de nossas idéias; ou o outro,
ao contrário do que inicialmente parecia, pode, na realidade, não partilhar de
quase nada das nossas idéias. Nesse caso, entram em jogo o reconhecimento
dos possíveis “ruídos” na comunicação, referidos acima, o reconhecimento das
diferentes histórias de vida daqueles envolvidos em partilhar opiniões, etc., a
fim de que uma possibilidade de conflito e de choque de opiniões possa
representar, ao contrário, uma boa oportunidade de aprendizado, de exposição
a algo diferente, a algo novo.
Emitir sua opinião nas redes sociais e esperar que sejam aceitas e
reconhecidas como “corretas” pode, na realidade, refletir não o desejo de
reconhecimento de sua(s) opinião(ões), mas o desejo de ser reconhecido como
pessoa competente, que tem idéias brilhantes e originais a respeito de
assuntos diversos. Ou seja, pode refletir não o desejo de comunicar-se, mas a
necessidade de se auto-afirmar, de fortalecer seu auto-conceito, que pode não
ser muito positivo até aquele momento. Isso explicaria parte dos debates
acirrados que vemos nas redes sociais, neste momento crítico que vive a
sociedade brasileira. A agressão entraria como uma estratégia para intimidar o
outro “receptor”, o que ouve, que discorda da opinião do primeiro, o “emissor”,
aquele que fala, em uma tentativa, pelo emissor, de alinhar o receptor à sua
opinião, de força-lo a aceitar suas idéias, o que apenas gera tensão e interfere
com a comunicação! Quando os envolvidos na comunicação não reconhecem
o processo de formulação de idéias próprias e o direito de emiti-las, tem-se
conflitos, inclusive entre amigos, em cujo caso a tensão pode até propiciar o
rompimento de vínculos afetivos e de amizade. Uma possível solução é evitar
conversas sobre temas polêmicos, até que os ânimos se acalmem.

Ana Maria Serra
PhD Psicologia - Terapeuta Cognitivo-Comportamental
Especialista em Psicologia Clínica
Diretora Clínica e Pedagógica
ITC - Instituto de Terapia Cognitiva
Av. das Nações Unidas, 8501 - 17o. andar
CEP 05425-070 São Paulo, SP
Tel.: 011 34346612
www.itcbr.com

Auto-conceito e beleza: vale tudo para alcançá-la?

Primeiramente, é necessário definir alguns termos e conceitos. O que uma
pessoa pensa a seu respeito reflete seu auto-conceito. Auto-estima, por sua
vez, refere-se a quanto uma pessoa se estima, gosta de si mesma. O ideal é
que as pessoas desenvolvam um auto-conceito positivo, dessa forma, sua
auto-estima será uma consequência inevitável.
Um auto-conceito positivo, conciliado a uma auto estima elevada, é de
fundamental importância para uma estrutura pessoal funcional. Podemos
definir três grandes áreas que resumem e fundamentam o auto-conceito das
pessoas em geral, isto é, como se percebem, suas opiniões sobre si mesmo:
(1) as crenças que as pessoas têm sobre si na área da capacidade – o quanto
se acreditam capazes, intelectualmente, profissionalmente, o quanto acreditam
que terão sucesso em suas empreitadas ou que conseguirão ser
independentes e autônomas; (2) as crenças que as pessoas têm sobre si na
área da adequação social – o quanto se acreditam adequadas, atraentes,
bonitas, com valor, não inferiores a outras pessoas, o quanto acreditam que
têm uma imagem social positiva e são vistas por outros como possuidoras de
qualidades; e (3) as crenças que têm sobre si na área da estima e do amor – o
quanto se estimam, o quanto se acreditam amadas por outras pessoas e o
quanto acreditam que reúnem os atributos para serem amadas por outras
pessoas.
Em termos de auto-conceito, as pessoas poderão se situar em algum ponto,
entre os extremos positivo e negativo, nas três dimensões acima, capacidade,
adequação e estima. Seu auto-conceito nas três áreas determinará como se
sentirão e como se comportarão diante de si e diante do mundo. E quanto
mais aspectos do auto-conceito se referem ao campo das relações
interpessoais, mais relevantes esses aspectos serão em determinar o estado
emocional das pessoas, ou seja, como elas se sentirão. Vê-se, portanto, que o
auto-conceito é grandemente responsável por estados de depressão,
transtornos de ansiedade, suicidalidade, abuso ou dependência de drogas,
entre outros transtornos. Portanto, todos desejamos nos sentir bem a nosso
respeito, e, na área da adequação social, a beleza é valorizada e buscada pela
maioria das pessoas, em maior ou menor grau. A escolha de procedimentos
cirúrgicos, a fim de corrigir defeitos e imperfeições ou de melhorar ainda mais o
que já está bom, não reflete necessariamente a existência de problemas.
Contudo, problemas podem ocorrer quando, por exemplo, a pessoa elege uma
cirurgia plástica para corrigir uma imperfeição física, acreditando que seu
problema se situa na dimensão da adequação social, que se refere à sua
imagem social; mas que, na verdade, seu problema reside na área da estima,
ou seja, essa pessoa não acredita que seja amada por outros, ou, pior ainda,
não acredita possuir os atributos para ser amada por outros. Nesse caso, ela
pode eleger conduzir uma série de procedimentos cirúrgicos e jamais sentir-se
satisfeita. Ou aquela pessoa que se sente inferior aos demais, sem valor, tanto
na área da imagem social e da beleza, como também nas dimensões da
capacidade e da estima. Então, não conseguirá alcançar a satisfação almejada
ao se submeter a cirurgias plásticas que a tornam mais bela, mas que não
bastam para compensar ou neutralizar sua real insatisfação nas dimensões da
estima e da capacidade.
O acompanhamento psicológico é necessário quando se identifica um
descompasso entre as aspirações de beleza física da pessoa e suas reais
insatisfações. Alcançar padrões mais elevados de beleza não
necessariamente supre necessidades em outras áreas.
Pessoas que recorrem repetidas vezes a procedimentos cirúrgicos muito
frequentemente falham ao buscar melhorias estéticas, mas para suprir
necessidades em outras áreas. Ou são pessoas perfeccionistas, cujos padrões
de beleza são por demais elevados, ou seja, inatingíveis.
Um auto-conceito positivo e a consequente auto-estima elevada são focos de
grande parte dos esforços terapêuticos durante a condução de uma
psicoterapia. Direta ou indiretamente, as intervenções clínicas estão
associadas ao desenvolvimento e consolidação de um auto-conceito positivo.
Algumas intervenções têm como foco a mudança de crenças não realistas e o
reconhecimento de qualidades que a pessoa em psicoterapia não percebe em
si. Outras intervenções têm como foco a correção do perfeccionismo e a
aceitação de limitações, com base no reconhecimento de que a perfeição não é
alcançável. Outras intervenções têm como foco a correção de imperfeições,
mas dentro de um padrão realista de expectativas.

Ana Maria Serra
PhD Psicologia - Terapeuta Cognitivo-Comportamental
Especialista em Psicologia Clínica
Diretora Clínica e Pedagógica
ITC - Instituto de Terapia Cognitiva
Av. das Nações Unidas, 8501 - 17o. andar
CEP 05425-070 São Paulo, SP
Tel.: 011 34346612
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Quem É Um Terapeuta Cognitivo?

Judith S. Beck, PhD - President, Academy of Cognitive Therapy - http://www.academyofct.org
(Tradução: Carla Andréa Serra. Transcrito, com permissão da autora, do boletim “Advances in Cognitive Therapy”, julho de 2006, publicação conjunta da ACT – Academy of Cognitive Therapy e da IACP – International Association of Cognitive Psychotherapy)

Sempre que ofereço um workshop, eu pergunto aos presentes quem se considera um terapeuta cognitivo, quem é inexperiente com a terapia cognitiva, e quem utiliza algumas das técnicas da terapia cognitiva no tratamento clínico. Quinze ou vinte anos atrás, somente 10% da platéia se consideravam um terapeuta cognitivo. Atualmente, mais de 75% o fazem. Enquanto que essa porcentagem representa um aumento surpreendente, eu não necessariamente a considero inteiramente como uma boa notícia. Tenho descoberto que a minha definição de um terapeuta cognitivo freqüentemente não reflete a definição adotada pela maioria do meu público.
Ao longo de cada workshop, eu periodicamente e casualmente peço aos participantes que levantem sua mão caso eles façam o seguinte: 1) checar o humor do paciente de alguma forma, no início de cada sessão. 2) Estabelecer uma agenda próximo ao início de cada sessão. 3) Colaborativamente determinar lições de casa em cada sessão. 4) Pedir um feedback.
Esses elementos da sessão de terapia meramente refletem, obviamente, o mínimo em termos de fundamentos estruturais de tratamento. No entanto, apenas cerca de 10% dos terapeutas presentes em meus workshops, que se identificaram como terapeutas cognitivos, seguem esses itens tão básicos. Sua definição de um terapeuta cognitivo tende a ser aquele terapeuta que questiona o pensamento dos pacientes.
Quando perguntam sobre a minha definição de um terapeuta cognitivo, respondo que no mínimo, terapeutas cognitivos fazem o seguinte: 5) Eles continuamente conceituam o paciente e suas dificuldades de acordo com o modelo cognitivo e usam essa conceituação para planejar o tratamento ao longo das sessões e durante cada sessão em particular. 6) Eles continuamente trabalham em prol do desenvolvimento e manutenção de uma forte aliança terapêutica. 7) Eles coletam dados no início das sessões e conceituam os problemas dos pacientes a fim de colaborativamente estabelecer e priorizar uma agenda com o paciente. 8) Eles ativamente promovem a resolução de problemas e o acompanhamento do processo através de tarefas de casa estabelecidas colaborativamente (as quais freqüentemente são de natureza cognitiva ou comportamental). 9) Eles utilizam uma grande variedade de estratégias para ajudar os pacientes a identificar, avaliar e responder a disfunções cognitivas chaves, a fim de promover uma melhora duradoura nas emoções, comportamento, e (freqüentemente) respostas fisiológicas. 10) Eles continuamente trabalham em direção à prevenção de recaídas. 11) Eles variam a implementação dos itens acima a fim de atender as necessidades individuais de cada paciente.
Esses elementos são necessários, é claro, mas não suficientes para garantir um tratamento eficaz. Terapeutas cognitivos devem, por exemplo, aprender a formulação cognitiva e intervenções cognitivas específicas para cada transtorno de que tratam. Colocar um foco primário nas cognições negativas sobre si mesmo, o mundo e o futuro (como fazemos na depressão), muito provavelmente não será eficaz para pacientes com transtorno de pânico (os quais necessitam de um foco primário em suas interpretações catastróficas de seus sintomas). Terapeutas devem variar suas intervenções de acordo com os níveis de desenvolvimento e habilidade intelectual dos pacientes, seu grau de motivação e envolvimento com o tratamento, sua confiança no terapeuta, sua habilidade para concentrar-se e focalizar sua atenção, seus estilos de aprendizagem, suas crenças culturais e muitos outros fatores.
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COMO ALCANÇAR SEUS OBJETIVOS

Você acredita em você? Como estão seus resultados? Qual o seu foco? COMO ESTÃO SEUS PENSAMENTOS?
Muitas são as dificuldades que enfrentamos em todas as fases de nossa vida. Muitos são os obstáculos. Por vezes, pessoas tentarão te impedir de alcançar seus objetivos, mas, o responsável pelo êxito e sucesso... é VOCÊ!
Não culpe o outro! Não responsabilize o “azar” ou o destino! Não diga que fracassou porque sua família não o ajudou ou não te incentivou. Arregace as mangas e assuma as responsabilidades para o alcance de seus objetivos. Vamos lá, eis algumas questões importantes que você deve considerar:
Primeiramente, faça uma faxina em sua mente e procure eliminar pensamentos que te impedem de prosseguir. Pensamentos automáticos disfuncionais! Identifique, questione e valide pensamentos do tipo: “Não consigo”; “Sabia que isso não daria certo”; “Já sou muito velho”; “É tarde demais”; “Esta promoção não é para mim”; “Isso é muito difícil”; “Nada do que faço dá certo”. Esses pensamentos vão te trazer emoções negativas e comportamentos incompatíveis com o alcance de seus objetivos.
Acredite em você e em seu potencial! Muitos já apontam seus erros e defeitos, portanto, de valor a você mesmo!
Não se prenda ao que aconteceu no passado. Construa seu futuro aproveitando bem seu dia, seu presente. Estabeleça estratégias, faça planos e determine alvos. Porém, cuidado com a ansiedade, ela pode te paralisar. Defina seus objetivos!
Nossa atenção é seletiva! Somos bombardeados por uma infinidade de estímulos o tempo todo. Nossa mente seleciona em que vamos prestar atenção. Procure prestar atenção naquilo que é bom. Se você ficar olhando para os obstáculos, são neles que você vai tropeçar. Com relação às pessoas, fique atento às suas qualidades e não em seus defeitos.
Lembra da hiena chamada Hardy? Talvez você não se lembre de seu nome, mas com certeza vai lembrar do que ela vivia falando: “Oh dia! Oh céus! Oh azar! ”. Seja otimista, não fique reclamando de tudo e de todos, procure o lado bom em tudo.  Treine sua atenção para selecionar aquilo que é bom e conquiste a mente de quem alcança seus objetivos.
À medida que acreditarmos em nós mesmos, em nossas capacidades e potencialidades, valorizarmos o momento presente e desocuparmos nossa mente dos pensamentos disfuncionais, podemos estabelecer estratégias e metas afim de alcançarmos nossos objetivos.

Alcance seus objetivos! Seja feliz!

Marcos Messias da Silva Justiniano
Palestrante/Docente/Psicólogo CRP 06/106779
(11) 98433-1067

ANSIEDADE... Sufocamento, Angústia

Todos nós podemos ficar ansiosos dependendo da situação que vamos passar: ao falar em público, ao expor um trabalho na faculdade ou no trabalho, diante de uma prova ou em uma entrevista. Alguns sinais psicológicos e físicos são muito claros e quase nos paralisam: a respiração torna-se ofegante, o suor aumenta, o medo paralisa, o corpo não consegue ficar parado.
A simples expectativa causada por uma espera, para muitos pode tratar-se de momentos insuportáveis e de angústia. O coração acelera, a respiração torna-se mais rápida e superficial, braços e pernas não conseguem ficar parados, as unhas são roídas, a pressão arterial pode subir e o sentimento é de quase um sufocamento. Para outras pessoas, essas sensações, podem ocorrer sem nenhum motivo aparente ou todos os dias. Pode causar paralisação e fazer com que a pessoa evite hábitos simples, como ficar em uma fila no mercado ou aguardar uma senha no banco.
Taquicardia, sudorese, tremores, tensão muscular, cefaleia...
Angústia e sufocamento diário!
É comum as pessoas começarem seu dia, com pressa para que ele acabe; iniciam a semana, na segunda feira, ansiosos pela sexta feira; o ano começa e os planos são estabelecidos; começam um curso hoje, já contando os dias para a formatura; vivem apressadas, angustiadas, sufocadas pela correria de suas vidas, por uma infinidade de compromissos e prazos a cumprir. Quando vão se alimentar, comem sem pensar no sabor dos alimentos e sim no que tem para fazer depois. Não prestamos atenção sequer em nossa respiração, que se torna tão superficial que quando respiramos um pouquinho mais fundo, causa até tontura. É como se vivêssemos com o piloto automático ligado a 120 km/h para se chegar a algum lugar que não sabemos.  
Brincar com os filhos?! Falta tempo. Olhar para nossos familiares e enxerga-los de verdade, leva muito tempo. Olhamos sem ver e ouvimos sem escutar. Tudo tem que ser para ontem! Não podemos esperar um dia, uma semana, um mês...
Até na hora de dormir, os pensamentos acelerados sobre o que fiz e o que vou fazer roubam meu sono. E a leitura? Três, quatro linhas e os olhos já correm pelo texto até seu final. Leitura dinâmica, para uma vida atarefada, angustiada, sufocada e ansiosa.
“Mens sana in corpore sano”, expressão em latim do filósofo Juvenal, que remete à somatização, queixas de dores físicas que não possuem origem orgânica, mas emocionais. Muitas vezes sentimos dores de cabeça, dores nas costas, nas pernas, alergias, doenças que não vão embora com medicamentos. “Mente sã, corpo são”.
Observe como tem vivido. Algo que está marcado para acontecer no mês que vem, te atormenta a ponto de perder o sono; um convite, faz você quase entrar em pânico; uma situação pode fazer você comer em excesso ou ficar horas sem se alimentar; Preocupação excessiva, medos irracionais, problemas com o sono, dificuldades com a alimentação, tensão muscular, evitação de lugares ou situações, perfeccionismo ou lembranças que te aterrorizam... Podem ser sinais indicativos de um transtorno de ansiedade.  Cuide de sua saúde mental!
Seja uma crise ou um ataque de ansiedade, é aconselhável que você procure ajuda profissional a partir do momento em que o transtorno de ansiedade produza algum tipo de sofrimento ou incômodo, prejuízos na vida social ou incapacitações.

Viva o dia de hoje! Receba e aproveite este “presente”

Marcos Messias da Silva Justiniano
Palestrante/Docente/Psicólogo CRP 06/106779
(11) 98433-1067

QUAIS SÃO SEUS PENSAMENTOS?

Suponhamos que você já sofreu algumas decepções amorosas na vida. Em uma oportunidade conhece uma pessoa muito interessante e marca um encontro às 19:00 horas em uma cafeteria. No dia marcado você chega às 18:45 horas e passa a aguardar a pessoa conforme o combinado. 19:05 horas e ninguém chega; 19:10 nada; 19:30 e a pessoa não chega; 19:50 e você continuava aguardando, mas diante da longa espera, desiste e vai embora. Quais são seus pensamentos?
Em uma outra situação, você está caminhando pela calçada e observa vindo ao seu encontro um colega do seu trabalho. Na empresa vocês conversam e se cumprimentam normalmente. Você tem certeza de que ele te viu. Continuam caminhando. Quando se cruzam, você faz menção de cumprimentá-lo, mas ele olha para o outro lado e passa direto sem te cumprimentar. Quais são seus pensamentos?
As duas situações acima, são exemplos de eventos que ocorrem em nossa vida. Em nosso dia-a-dia, vivenciamos várias situações, e em todo tempo estamos tendo pensamentos a respeito daquilo que vivemos. Muitos destes eventos podem despertar o que chamamos de pensamentos automáticos disfuncionais. São chamados de automáticos porque surgem em nossa mente de forma rápida e espontânea, e de disfuncionais porque nem sempre são válidos e condizem com a realidade.
Os pensamentos automáticos disfuncionais, podem nos paralisar, nos impedir de conquistar, podem ser obstáculos em nossa vida profissional, social, familiar e ainda causarem o rompimento de relações conjugais e de amizade. São responsáveis por adoecimentos e sofrimentos. Mas como eles surgem?
Estão ligados à nossa forma de perceber o mundo, nossa história de vida, vivências e aprendizados. Palavras que ouvimos, exemplos que aprendemos, situações traumáticas, formaram um conjunto de crenças nucleares que são inconscientes e dão origem aos pensamentos automáticos disfuncionais. A maioria das pessoas não se dão conta de seus pensamentos e sim de suas emoções. Sabem, que algo as deixou tristes, deprimidas, frustradas, decepcionadas, com medo, mas tem dificuldade em identificar os pensamentos que antecederam estas emoções.
Os eventos, vão desencadear pensamentos automáticos disfuncionais, que por sua vez vão suscitar emoções e por fim, comportamentos. Diante de uma situação podemos ter pensamentos automáticos que nos trarão emoções negativas e comportamentos indesejáveis ou inadequados.
Na primeira situação dada como exemplo, ao ficar esperando uma pessoa em um encontro marcado, dependendo de suas crenças nucleares, você pode ter os seguintes pensamentos: “Nunca dou certo com ninguém!”; “Tenho o dedo podre!”; “Sabia que isso ia acontecer!”; “Sou muito feio, ninguém gosta de mim!”. Esses pensamentos são automáticos disfuncionais. Quais são as evidências reais destes pensamentos? Você não sabe o que aconteceu com a pessoa que não foi ao encontro! Ela pode ter sofrido um acidente e não ter conseguido te avisar da impossibilidade de te ver. Poderia ter sido assaltada. Pode ter perdido a hora ou mesmo esquecido do encontro. Ou qualquer outra eventualidade, porém, nenhuma destas valida seus pensamentos automáticos, que te farão ficar triste, deprimido, amargurado, decepcionado e não mais converse com aquela pessoa, nem mesmo para perguntar o que aconteceu. E talvez até faça com que você não queira mais marcar outro encontro com ninguém!
No segundo exemplo, você pode pensar: “Ele desfez de mim!”; “Ninguém se interessa por mim!”; “O que eu fiz pra ele?!”; “Só conversa comigo na empresa porque é obrigado!”. Da mesma forma, você não tem evidências que validem esses pensamentos. Talvez a pessoa não te olhou, porque estava muito preocupada com o pai que acabou de ser internado e você com pensamentos que te farão ficar com raiva ou tristeza. No outro dia na empresa, provavelmente não converse com a pessoa ou nem olhe para ela.
Na maioria das vezes não nos damos conta de nossos pensamentos automáticos. Da próxima vez em que você for tomado por uma súbita tristeza, uma crise de ansiedade, raiva ou medo, procure identificar quais foram os pensamentos automáticos que tomaram sua mente. Identifique, questione e valide esses pensamentos. Busque as evidências do quanto esses pensamentos são verdadeiros. Verá que muitas vezes estava enganado. E assim, vai lidar com suas emoções de forma mais saudável e apresentará comportamentos mais adequados.

Quais são seus pensamentos?!

Marcos Messias da Silva Justiniano
Palestrante/Docente/Psicólogo CRP 06/106779
(11) 98433-1067