segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Quem É Um Terapeuta Cognitivo?

Judith S. Beck, PhD - President, Academy of Cognitive Therapy - http://www.academyofct.org
(Tradução: Carla Andréa Serra. Transcrito, com permissão da autora, do boletim “Advances in Cognitive Therapy”, julho de 2006, publicação conjunta da ACT – Academy of Cognitive Therapy e da IACP – International Association of Cognitive Psychotherapy)

Sempre que ofereço um workshop, eu pergunto aos presentes quem se considera um terapeuta cognitivo, quem é inexperiente com a terapia cognitiva, e quem utiliza algumas das técnicas da terapia cognitiva no tratamento clínico. Quinze ou vinte anos atrás, somente 10% da platéia se consideravam um terapeuta cognitivo. Atualmente, mais de 75% o fazem. Enquanto que essa porcentagem representa um aumento surpreendente, eu não necessariamente a considero inteiramente como uma boa notícia. Tenho descoberto que a minha definição de um terapeuta cognitivo freqüentemente não reflete a definição adotada pela maioria do meu público.
Ao longo de cada workshop, eu periodicamente e casualmente peço aos participantes que levantem sua mão caso eles façam o seguinte: 1) checar o humor do paciente de alguma forma, no início de cada sessão. 2) Estabelecer uma agenda próximo ao início de cada sessão. 3) Colaborativamente determinar lições de casa em cada sessão. 4) Pedir um feedback.
Esses elementos da sessão de terapia meramente refletem, obviamente, o mínimo em termos de fundamentos estruturais de tratamento. No entanto, apenas cerca de 10% dos terapeutas presentes em meus workshops, que se identificaram como terapeutas cognitivos, seguem esses itens tão básicos. Sua definição de um terapeuta cognitivo tende a ser aquele terapeuta que questiona o pensamento dos pacientes.
Quando perguntam sobre a minha definição de um terapeuta cognitivo, respondo que no mínimo, terapeutas cognitivos fazem o seguinte: 5) Eles continuamente conceituam o paciente e suas dificuldades de acordo com o modelo cognitivo e usam essa conceituação para planejar o tratamento ao longo das sessões e durante cada sessão em particular. 6) Eles continuamente trabalham em prol do desenvolvimento e manutenção de uma forte aliança terapêutica. 7) Eles coletam dados no início das sessões e conceituam os problemas dos pacientes a fim de colaborativamente estabelecer e priorizar uma agenda com o paciente. 8) Eles ativamente promovem a resolução de problemas e o acompanhamento do processo através de tarefas de casa estabelecidas colaborativamente (as quais freqüentemente são de natureza cognitiva ou comportamental). 9) Eles utilizam uma grande variedade de estratégias para ajudar os pacientes a identificar, avaliar e responder a disfunções cognitivas chaves, a fim de promover uma melhora duradoura nas emoções, comportamento, e (freqüentemente) respostas fisiológicas. 10) Eles continuamente trabalham em direção à prevenção de recaídas. 11) Eles variam a implementação dos itens acima a fim de atender as necessidades individuais de cada paciente.
Esses elementos são necessários, é claro, mas não suficientes para garantir um tratamento eficaz. Terapeutas cognitivos devem, por exemplo, aprender a formulação cognitiva e intervenções cognitivas específicas para cada transtorno de que tratam. Colocar um foco primário nas cognições negativas sobre si mesmo, o mundo e o futuro (como fazemos na depressão), muito provavelmente não será eficaz para pacientes com transtorno de pânico (os quais necessitam de um foco primário em suas interpretações catastróficas de seus sintomas). Terapeutas devem variar suas intervenções de acordo com os níveis de desenvolvimento e habilidade intelectual dos pacientes, seu grau de motivação e envolvimento com o tratamento, sua confiança no terapeuta, sua habilidade para concentrar-se e focalizar sua atenção, seus estilos de aprendizagem, suas crenças culturais e muitos outros fatores.
- See more at: http://www.itcbr.com/artigo_judith.shtml#sthash.604m1byr.dpuf

Nenhum comentário:

Postar um comentário